Retrato de José Inocêncio em Renascer carrega maldição lançada há 134 anos

Não é incomum ver Buba (Gabriela Medeiros) contemplativa em frente a um quadro de José Inocêncio (Marcos Palmeira) em Renascer. A imagem está no centro de inúmeras cenas envoltas em mistério, como uma "visão" de Teca (Lívia Silva) --que teve a impressão de já conhecer o pai de José Venâncio (Rodrigo Simas) de outras vidas.

A inspiração da novela das nove da Globo, na verdade, é uma espécie de maldição que foi criada pelo escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1990) há 134 anos.

Ele é o autor de O Retrato de Dorian Gray, em que o protagonista é "abençoado" com a juventude eterna, enquanto todos os seus vícios e os seus excessos desfiguram uma pintura sua, que vai ficando cada vez mais decrépita.

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O livro inspirou não só adaptações diretas, como o filme homônimo de 2009, mas também a própria história de José Inocêncio. Ele igualmente tem uma bênção que se transforma em maldição, só que a partir do pacto com um cramulhão preso em uma garrafa e do facão cravado aos pés do jequitibá.

O fazendeiro já escapou de diversas emboscadas por ter o corpo fechado, mas sofreu as perdas de Maria Santa (Duda Santos) e de Venâncio. Ele chegou a sugerir que estava sendo castigado pelo acordo com o demônio.

Bruno Luperi até inseriu uma cena nos primeiros capítulos da segunda fase que fazia menção direta a O Retrato de Dorian Gray. Eliana (Sophie Charlotte) destruiu o quadro de José Inocêncio logo após Venâncio pedir a separação.

O ataque da revoltada não trouxe maiores consequências, porque a imagem foi restaurada por Buba. Ou melhor: o próprio Venâncio acabou prejudicado pela atitude de Eliana, que seria só a primeira de todas as desventuras em série durante o divórcio.

O personagem de Simas acabou morto no lugar de João Pedro (Juan Paiva) por um capricho do destino, já que o carro em que os dois estavam passou por um buraco bem na hora em que Egídio (Vladimir Brichta) apertou o gatilho.

Se Luperi mantiver o mesmo final da versão original, José Inocêncio vai morrer após João Pedro arrancar o seu facão dos pés do jequitibá-rei. Essa passagem é diretamente inspirada em Dorian Gray, em que o protagonista também só morre depois de perder o seu objeto mágico --no caso, o próprio quadro em que já aparecia completamente decrépito.

Horrorizado, Gray rasga o quadro e morre logo em seguida. Os seus criados o encontram completamente desfigurado, enquanto a imagem é restaurada a todo o esplendor de outrora.

Renascer foi escrita e criada pelo autor Benedito Ruy Barbosa. A primeira versão foi ao ar na Globo em 1993. Bruno Luperi é neto do novelista e responsável pela adaptação da saga rural que estreou no horário nobre em janeiro. O remake ficará no ar até setembro.

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